Avatar

  • DEFINIÇÃO
Avatar é um termo sânscrito. Literalmente, significa "descida": a descida da Suprema Consciência ao nascimento humano.
Os Avatares vêm a nós para restaurar o Sanathana Dharma, ou seja, a justiça, a Lei Eterna.


"Vós todos sois Avatares", disse Sathya Sai. Querendo, com isto, acordar-nos para a nossa realidade suprema, para a nossa divindade inata. Somos Avatares em potencial, uma vez que não temos plena consciência desta verdade. E é justamente para que desenvolvamos esta plena consciência que os Avatares assumem a forma humana e encarnam entre nós. A partir desse convívio e dessa proximidade com o Divino, podemos compreender e sentir melhor o que é a divindade.
Os Avatares são estrelas, digamos assim, a pulsar incessantemente e, no seu pulsar, transmitem impulsos de alta freqüência que são lançados ao éter. São seres que descem das mais altas esferas, emitindo vibrações de alta potência e sutileza. Irradiam o Amor em toda a Sua cósmica força. Espalham Luz e Consciência. Essas ondas chegam até nós e têm o poder de nos transformar. Quanto mais receptivos formos, mais rápido nos transformaremos.


A imagem de um Deus distante, sem forma, fora de nós, está bastante arraigada na nossa mente ocidental. Por isso, o conceito de Avatar soa-nos um tanto estranho, a princípio. No entanto, embora para muitos de nós pareça inconcebível a idéia, os Vedas (Sagradas Escrituras Hindus) afirmam, como Sathya Sai, que todos nós somos Avatares e que, ao reconhecermos nossa Natureza Divina, realizaremos nossa completa união com o Absoluto, ou Mente Cósmica Universal (como quisermos chamar este Princípio Divino), atingindo moksha (a libertação do sofrimento, nascimentos e mortes).


Os Vedas revelam também que a vinda à Terra, de tempos em tempos, desses seres de elevada consciência, é prevista pelo Grande Arquiteto do Universo. Faz parte do grande plano de expansão da consciência cósmica.
  • AMSA AVATAR E PURNA AVATAR
Palavras de Sai Baba: “Avatares são de dois tipos: o primeiro, Amsaavatar; o segundo, Purnaavatar. Todos os seres humanos são Amsaavatar (encarnação parcial do Divino).
“Uma parte do Meu eterno Ser tornou-se Jiva – a alma individual – no mundo dos seres viventes”, disse Krishna na Gita.


Os Amsaavatares, por não terem ainda desenvolvido a consciência plena do Divino, tornam-se vítimas de maya (ilusão), confundindo o teatro externo cósmico (a vida corriqueira e suas manifestações e implicações) com a vida real, esquecendo-se de que a vida real reside no interno, no imanifestado, no Eu Superior que está oculto no nosso âmago. Essa falta de consciência propicia o desenvolvimento do egoísmo e da possessividade. Sendo que, na era atual, denominada no hinduísmo Kali Yuga (Era de Kali), a consciência do Divino está tão afastada do ser humano que ele identifica-se quase inteiramente com a manifestação externa do espírito (matéria), considerando a vida mundana o seu principal e único foco de ação e atenção. Esse desequilíbrio transparece em tudo à nossa volta: juventude perdida e sem rumo; supervalorização da sensualidade em todas as suas formas; ausência de ética e valores humanos em todas as áreas (pessoal, social e política); degradação moral e criminalidade social exacerbada; descaso e descompromisso com a Mãe Terra, a Sagrada Natureza.


Os Purnaavatares (descidas completas), distinguem-se dos demais porque são seres especiais que transcenderam e subjugaram maya, a força da ilusão. Embora estejam entre nós, agindo como humanos que também são, o mundo externo exerce sobre eles apenas a influência mínima, necessária à sua sobrevivência na Terra. O ponto e a atenção da existência desses seres estão centrados nas dimensões superiores, onde reside a Suprema Fonte do Espírito.


“Os Avatara Purushas (descida da Suprema Consciência) não têm mérito nem demérito acumulado em nascimentos anteriores, como os mortais comuns, que têm que se ver com eles em cada nascimento. O nascimento avatárico é um leela (milagre, brincadeira do Divino), isto é, um nascimento voluntariamente assumido. A bondade daquele que é bom e a perversidade daquele que é mau propiciam os motivos para a descida do Senhor.”


“Quando ocorre a vinda do Senhor, os bons serão felizes e os maus, infelizes. O Avatar, entretanto, nem se alegra nem se aflige, mesmo enquanto envolvido no corpo que assumiu. O Avatar não é constituído dos cinco elementos. É Chinmaya e não Mrinmaya, isto é, espiritual e não material. Nunca pode ser afetado pelo egoísmo ou pelo sentido de “meu” e “teu”. Não é tocado pela ilusão produzida da ignorância. Embora possam os homens, equivocadamente, confundir um Avatar com os seres humanos, isto não O afeta. Ele veio para uma tarefa e está determinado a cumpri-la.”
(Citações da Gita Vahini)



Cada era trouxe ao mundo seus Avatares. Por Sua imensa Compaixão, Deus apieda-se dos mortais e toma a forma humana para resgatar os valores essenciais e restabelecer o princípio da ordem e da justiça. Em múltiplas faces, Deus se manifesta a todos os povos, de variadas maneiras, em todas as culturas e em todos os tempos. A mensagem Divina assume diferentes nuances, mas é a mesma em essência.



Esta mensagem é Rama (v.“Rama”, em “Devoção) que, há aproximadamente 8 mil anos, veio nos falar no poder do Dharma (Ação Correta, Retidão):

"O mundo inteiro é uma família. Todos são nossos irmãos e irmãs. Esta era a verdade pregada ao mundo pelo Senhor Rama. Ele ensinou ao mundo atender diligentemente aos deveres da vida cotidiana, aos deveres sociais e às obrigações de família. Esse riacho triplo de deveres é a mensagem do Ramayana. Quem se lava na confluência desses três rios é absolvido de seus pecados e redimido. Uma obra tão grandiosa como o Ramayana tem de ser lida, relida e vivida por todos." (Sai Baba)





É Krishna (v. “Krishna”, em “Devoção”), que, com Sua beleza e suavidade, estimula-nos na batalha contra o ego:

"Esforce-se sempre pela vastidão, pelo imensurável. Não limite seus desejos ao pequeno. São míseros os que anseiam por coisas mesquinhas. Aqueles que anseiam pelo Senhor são generosos e de coração amplo".









É Jesus, que, com Seu exemplo, mostra-nos as virtudes da caridade, do amor ao próximo como a si mesmo:


"Amai vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem, para serdes filhos de vosso Pai que está nos céus. Pois Ele faz nascer o sol para bons e maus e chover sobre justos e injustos.” (Evangelho de São Mateus).







É Buda, com Seu sagrado legado de princípios através dos quais poderemos atingir a eqüanimidade da mente:




"Nem mãe, nem pai, nem outro parente pode fazer tanto bem quanto uma mente bem dirigida".


"Nada neste mundo é estável; mas a mente iluminada é imperturbável".


TRÍPLICE MANIFESTAÇÃO


Muitas vezes, a missão do Avatar é tão grandiosa que torna-se impossível cumpri-la numa única descida à Terra. Daí a necessidade de várias encarnações para que todo o Plano Divino seja concretizado.
Na nossa era atual, Sathya Sai Baba nos revela a Sua tríplice manifestação: ele foi Shirdi Baba, ou Sai Baba de Shirdi, que veio ao mundo em 1838, também no sul da Índia. E, conforme nos promete, oito anos depois de Sua partida como Sathya Sai Baba (na encarnação atual), virá como Prema Sai.


No livro ‘God Lives in India’ (Deus vive na Índia), o autor, jornalista e editor-chefe do jornal Blitz, R.K. Karanjia, registra as seguintes perguntas feitas a Sathya Sai Baba, durante uma entrevista:


Karanjia: Por que esta missão tem que ser dividida em três encarnações distintas de Shirdi, Sathya e Prema Baba?


Baba: 'Elas não são distintas. Já mencionei a total identidade das três no objetivo final da missão. Dar-lhe-ei um exemplo: tome um pedaço de gur (açúcar mascavo). O pedaço inteiro parece doce. Agora, quebre-o em pedaços pequenos. Cada um deles é doce. Quebre de novo, os pedaços pequenos em outros menores. Você encontrará a mesma doçura. A diferença é de quantidade e não de qualidade. O mesmo acontece com os Avatares. As suas tarefas e poderes são diferentes, dependendo das necessidades do momento, da situação e do meio-ambiente, mas eles pertencem e derivam de um único e mesmo Dharma Swarupa (encarnação do Dharma) ou Corpo Divino. O Avatar anterior Shirdi Baba colocou a base para a integração secular e deu à humanidade a mensagem de que DEVER é TRABALHO. A missão do presente Avatar é fazer com que todos reconheçam que, uma vez que é o mesmo Deus ou Divindade que habita em todos, as pessoas devem respeitar, amar e ajudar umas às outras, independentemente de casta, cor ou crença. Assim, todo TRABALHO torna-se ADORAÇÃO. Finalmente, Prema Sai, o terceiro Avatar, promoverá o evangelho de que Deus não somente reside em todos, mas que cada um é o próprio Deus. Esta será a sabedoria final que permitirá a cada homem e mulher evoluir e tornar-se Deus. Assim, os três Avatares carregam a tríplice mensagem de TRABALHO, ADORAÇÃO e SABEDORIA'.


Karanjia: Qual é, em suma, a missão sagrada e o divino propósito desta tríplice encarnação?


Baba: 'Para unir toda a humanidade em uma única casta ou família, pelo estabelecimento da Divindade - esta é a REALIDADE ÁTMICA - em cada homem ou mulher, que é a base de toda a Criação. Uma vez que isto seja realizado, a herança divina comum que liga o homem ao homem e o homem a Deus, tornar-se-á aparente e o Amor prevalecerá como a luz que guia o Universo. Em primeiro lugar, o homem tem que desenvolver a sua essência humana, a humanidade, na plenitude do seu potencial integrado. Nos dias de hoje, esta essência ‘humana’ está ausente. Não há nenhuma coerência entre pensamento palavra e ação. Hoje, o homem pensa uma coisa, diz outra e age de maneira absolutamente contrária. Então, o que temos é o homem como indivíduo, confuso, frustrado e bombardeado com pensamentos contraditórios. O que não vemos é a HUMANIDADE (a essência humana) nele, incentivada pelos bons pensamentos, boas palavras e boas ações. Temos que fazer com que ele realize Deus dentro dele e desenvolva uma coerência entre pensamento, palavra e ação'.
  • SAI BABA DE SHIRDI
Shirdi Baba nasceu em 27 de setembro de 1838, na aldeia de Pathri, Estado de Hyderabad, sul da Índia. Diz-se que, certa vez, quando contava apenas 12 anos e brincava de bolinhas de gude com os companheiros, ganhou todas as bolinhas no jogo e desafiou os amigos com mais vitórias. Um deles correu para casa e, não encontrando mais bolinhas de gude, pegou um lingam (símbolo hindu do Absoluto) e trouxe-o à brincadeira. Shirdi Sai, que então se chamava Bapu, ganhou o lingam também e o engoliu. A mãe do menino que perdeu o lingam no jogo ficou furiosa e ameaçou Bapu com um pedaço de pau. Bapu abriu a boca e, lá dentro, a mulher teve uma visão: ela viu a forma cósmica de dez Avatares de Vishnu. Imediatamente, prostrou-se aos pés do menino, compreendendo o significado deste fantástico leela (brincadeira do Divino).


A vida de Sai Baba de Shirdi é repleta de milagres e leelas. Ele adorava um lingam de pedra em uma mesquita muçulmana, onde cantava louvores a Shiva e Rama. Também recitava passagens do Alcorão e cantava para Alá em todos os templos hindus. Esta atitude, que já demonstrava seu empenho em ressaltar que há somente uma religião, incomodava e perturbava tanto muçulmanos quanto hinduístas, que não entendiam o que ele pretendia.


Quando adulto, Babu foi para a cidade de Shirdi, instalando-se na mesquita de Dwarakamayi, onde ficou conhecido como Baba de Shirdi. A um devoto íntimo, anunciou que regressaria oito anos depois da morte de seu corpo físico.


Em 1917, ele deu um indício acerca do lugar de seu futuro advento, quando uma jovem que havia perdido os quatro filhos, pediu-lhe permissão para viver ao seu lado para sempre. Ele respondeu: “Não, agora não; quando eu voltar, em Andrah, tu me encontrarás e ficarás comigo”.


Baba de Shirdi deixou o corpo físico no dia 15 de outubro de 1918. E, oito anos mais tarde, no dia 23 de novembro de 1926, renasceu como Sathya Narayana Raju, em Puttaparthi, uma aldeia situada no Distrito de Anantapur do Estado de Andrah Pradesh, no Sul da Índia. Em 23 de maio de 1940, aos 14 anos de idade, Sathya Narayana anunciou seu advento, passando a ser conhecido como Sathya Sai Baba.


A profecia se cumpriu e, em 1976, a antiga devota que perdera os quatro filhos já estava entre os residentes permanentes de Prashanti Nilayam, o ashram construído por Sai Baba.
  • PREMA SAI
No dia 6 de julho de 1963, Sathya Sai Baba fez a primeira declaração oficial sobre o advento da Sua próxima encarnação. Declarou que Prema Sai Baba irá encarnar o Poder de Shakti (energia cósmica feminina); nascerá no Estado de Mysore (Karnataka)e pertencerá à linhagem do Rishi Bhardwaj Gotra (a mesma de Shirdi Baba e a Dele próprio). A imagem de Prema Sai foi materializada por Sai Baba que mostrou, em detalhes, como será a aparência física do próximo Avatar. Prema significa, em sânscrito, Amor Divino.

“Os três corpos são diferentes, mas a divindade é uma só. O primeiro advento foi para revelar a Divindade. O segundo, para despertar a Divindade (nos seres humanos). O próximo advento será para propagar a Divindade. Os três são: Shirdi Sai, Sathya Sai e Prema Sai. Estas vestimentas são assumidas somente para o benefício dos devotos. As pessoas não teriam condições de desenvolver fé no Sem Forma, a não ser que Ele viesse com uma Forma. O Divino na forma humana é a preparação para se compreender o Absoluto Sem Forma. A verdade sobre Deus não pode ser compreendida por ninguém. Ele é infinitamente vasto. Ele é menor que um átomo. Ninguém pode saber o que é o macrocosmo, nem o que é o microcosmo”.