segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Quem é Sai Baba?

Por Marilu Martinelli

"Quem é Sai Baba? Esta é uma pergunta que ninguém conseguirá responder de maneira a satisfazer plenamente a todos. Cada um poderá definir Sai Baba de acordo com sua visão, sentimento e entendimento. Um ser tão extraordinário, múltiplo e surpreendente leva às mais diversas interpretações: uns insistirão mais em um aspecto, outros em outro, mas não existe nada que revele mais verdadeiramente do que a própria experiência.

Para alguém que não tenha vivido uma experiência transcendental é praticamente impossível a compreensão do seu significado. Posso garantir que nada pode ser mais prodigioso e transformador na vida de alguém, do que experimentar um encontro presencial ou espiritual com um avatar. Inúmeras pessoas de todas as raças, culturas e credos experimentaram e têm experimentado o poder imensurável do amor de Sai Baba, mesmo após sua morte. Sua ação orientadora, protetora e transformadora permanece atuante em suas vidas.

O fenômeno da avataridade é inexplicável para a mente relativa, dual e condicionada à finitude e aos pares de opostos, bem e mal, macho e fêmea, certo e errado.

O avatar é a encarnação de um Raio Divino, um mistério insondável. Aceitar a ideia de uma divindade que assume forma humana é um enorme desafio, um obstáculo quase intransponível para nossa mente.

Desde tempos imemoriais, o homem vem buscando algo que demonstre de um modo correto e inconteste a existência de Deus. Esse é um problema que as várias religiões e filosofias tentam resolver desde que existem.

Admitir a existência de um avatar é assumir que o ser humano é divino essencialmente. É uma convocação para viver transformações estruturais de consciência; consequentemente, de comportamento. Sem dúvida é uma questão de fé. E a fé é inexplicável, não se inventa nem se impõe. A necessidade de crer está intimamente ligada à necessidade de amar; é por isso que os seres humanos têm necessidade uns dos outros e de Deus. Mesmo os que se declaram ateus, sentem no âmago do seu coração o desejo de experienciar a transcendência, sentir o poder do sagrado.

Tudo o que eleva o pensamento humano acima dos seus instintos, como o amor, a ética, a moral, a honra, o caráter, a devoção, o serviço desinteressado e a compaixão, são indícios de um embrião de fé em algo maior do que as informações inexatas dos sentidos.

Quer pela afirmação, quer pela negação da existência de Deus, o ser humano tenta compreender e devassar o mistério do Infinito e Inominável. A busca do divino tem um lugar maior em nossas vidas do que julgam os que têm a pretensão de pensar que Deus é dispensável. Para a ciência Deus é uma hipótese, mas para o ser espiritual que somos essencialmente, é uma necessidade inata.

Deus, o avatar e seu Mistério não se circunscrevem a provas laboratoriais e comprovações porque estão acima e além da razão, do intelecto e da comprovação científica. Muitos cientistas tentaram explicar o fenômeno Sai Baba, esquecendo-se de que a ciência é absolutamente impotente para provar se devemos ou não acreditar no fenômeno da avataridade.

O avatar é o Homem-Deus. Para nós, ocidentais, Jesus é Deus que se fez homem, um avatar. O conceito do avatar como encarnação de um raio divino existe em várias tradições, mas em nenhuma é tão presente quanto na fé hindu. Para os hindus sempre que o Dharma, a Lei Cósmica Eterna está ameaçada, Deus se faz humano, para reorganizar a vida e preservá-la. Essa não é uma afirmação que pertença à ciência, mas sim ao terreno da metafísica.

Como todo avatar, Sai Baba não trouxe uma nova religião, nem priorizou nenhuma delas, nem mesmo o hinduísmo, embora tenha nascido numa família hindu, e na Índia. Sua vida é a Sua mensagem Sua mensagem é universalista e propõe a prática dos valores espirituais e éticos que norteiam todas as filosofias e religiões. O que nos obriga a reflexões profundas e consequentes transformações interiores, que conduzirão a novas escolhas, prioridades, percepções e atuações no mundo.

Diante do advento de um avatar, a mente, a lógica e a razão se deparam com seus limites. Com isso não estou defendendo a chamada fé cega, que conduz ao fanatismo medroso violento e impiedoso, mas estou propondo que ousemos afirmar pela vivência e compreensão lúcida, que existe um fato inconteste, imenso, e apreciável pela fé apesar de enigmático para a ciência; um fato que de inúmeras maneiras derruba barreiras e condicionamentos culturais, demonstrando poder de alcance universal: o avatar, um ser quântico capaz de transformar matéria em energia e energia em matéria densa, cuja grandeza ultrapassa nosso raciocínio, com o poder de transformar nossas mentes e nossos corações.

Como já disse, Sai Baba não trouxe uma nova religião ou seita, porém seus ensinamentos despertam em nós o que se poderia chamar de religião natural, a certeza acalentadora do encontro particular e intransferível com nossa divindade interior.

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